domingo, 30 de outubro de 2011

Chamada para o ministério!

Maravilhoso testemunho da Cel. Almira Mello a respeito do seu chamado missionário.
Dezenas de pessoas aceitaram o apelo para dedicação de suas vidas a Grande Comissão (Mt 28.18-20).

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Consagra-te ao Senhor, o fogo arderá em teu coração e ele te usará

"Consagra-te ao Senhor, o fogo arderá em teu coração e ele te usará!" (Benjamim Titus Roberts - Primeiro Bispo Metodista Livre)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Unidos para alcançar esta geração

 “Que todos sejam um... para que o mundo creia” (João 17:21)

Jesus é nosso modelo em tudo, inclusive na oração. A grande oração de Jesus em favor de Sua Igreja foi registrada no capítulo 17 do Evangelho de João. Jesus costumava subir ao monte para dedicar-se a oração (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 6.12; 9.28). Não que isto fosse uma regra, mas o ato de subir tem tudo a ver com oração, pois orar é também subir! Quando oramos estamos agindo de modo parecido a um foguete que precisa vencer a força da gravidade para sair da atmosfera terrena. Pois, quando oramos, nós também estamos deixando para trás as coisas puramente humanas, para elevarmos os nossos olhos para o céu em busca das coisas que são de cima e a procura de uma comunhão mais profunda e pessoal com o Pai Celeste (Jo 17.1 e Cl 3.1). Assim como o Mestre elevou os olhos para o céu (Jo 17.1), os que esperam no Senhor são exortados a levantar os seus olhos parra as alturas (Is 40.26), de modo a aprenderem a subir com asas como águias (Is 40.31). Pois estar em Cristo é já estar nas alturas (Ef 2.6), mesmo que nossos pés ainda estejam na terra! Orar não é um fardo, mas, sim, um grande privilégio que nos garante o desfrute da plenitude da alegria de Jesus (v. 13)!

 Oração é entrega, é relacionamento, é declaração de amor, é gratidão, é confissão de dependência, é submissão, é confissão de pecados, é clamor em busca de socorro, misericórdia e graça em ocasião oportuna. E é por meio da meditação e oração que o caráter de Deus vai sendo impresso em nossas vidas.

Vemos aqui também a importância da oração do líder em favor de seus liderados. Jesus se santifica em favor da santificação de seus discípulos. Jesus ora para que seus seguidores sejam protegidos de modo a serem unidos à semelhança da unidade que há entre Jesus e o Pai Celestial (Jo 17.11). Interessante observar que nossa proteção está relacionada a unidade. Sem unidade, estamos desprotegidos. Até mesmo no reino animal, os bichos usam a estratégia da unidade para se protegerem do ataque de seus predadores. Os que vivem isolados ou ficam, negligente e distraidamente, para trás do rebanho, acabam se tornando presas fáceis.

 Jesus segue pedindo ao Pai que proteja seus discípulos dos ataques do Maligno (v. 15). Jesus destaca, repetidas vezes, o papel primordial da Palavra de Deus como meio de proteção e santificação (v. 6, 8, 13, 14, 17 e 19). A verdade protege e liberta (Jo 8.32). O Espírito Santo é também chamado de o “Espírito de Verdade” (Jo 14.17). E sabemos que um dos grandes sinais da plenitude do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi que os que receberam de bom grado a Palavra passaram a perseverar na doutrina dos apóstolos (At 2.41 e 42)! 

Portanto, a oração e a Palavra da Verdade nos aproximam de Deus ao mesmo tempo que nos protegem do mal. Eis aí o caminho da santificação que tem como grande fruto a unidade, que é a reconciliação do homem com Deus e com seu semelhante. E tal unidade possui poder impactante sobre o mundo que vive dilacerado e carente de amor genuíno. 

Jesus roga insistentemente em favor da unidade (v. 11, 21, 22, 23, 26). Jesus quer que seus discípulos alcancem a plena unidade a fim de que o mundo creia (v. 23). Esta é uma oração missionária! “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”(v. 18). Nossa santificação e unidade não são um fim em si mesmas, pois tem como alvo maior a evangelização do Mundo. Por isto é que o pedido de Cristo não é para que seus discípulos sejam tirados do mundo (v. 15), mas para que sejam protegidos do mal (v. 15) e para que sejam santificados na verdade (v. 17) a fim de serem enviados ao mundo do mesmo modo como Jesus foi também enviado ao mundo (v. 19). Isto é tão vital, que Jesus repete duas vezes o mesmo pedido em favor da unidade cristã com o propósito de alcançar o mundo (v. 21 e 23).

O cumprimento de nossa missão passa pela unidade da Igreja. Sem santificação e unidade, nossa missão está comprometida. Sem santificação e unidade corremos o risco de nos tornamos em pedra de tropeço em vez de instrumentos de salvação para a humanidade. 

A unidade entre Jesus e o Pai deve servir de exemplo para todos nós. Jesus não tem ciúmes do Pai, eles não entram em disputa um com o outro, Jesus não teme perder sua posição. Jesus não se sentia diminuído quando se submetia às ordens do Pai. Jesus não se sentia diminuído nem mesmo quando lavava os pés dos seus discípulos. Jesus ensinou que servir é um ato de incalculável nobreza!

Deus é amor. Os amados de Deus não são meros objetos do amor divino, mas passam também a participar deste amor, participando assim da natureza divina (2 Pe 1.4). Jesus conclui sua oração, rogando que o amor do Pai passe a fazer parte da essência dos seus discípulos (v. 26). Cristo passa a viver em nós (v. 26 e Gl 2.20). Recebemos o Espírito de Cristo e devemos manifestar os frutos deste mesmo Espírito (Gl 5.22). É pela capacitação do Espírito Santo que nos é possível ser fiéis testemunhas de Cristo até os confins do mundo (At 1.8). Evangelização sem um bom testemunho, evangelização sem os frutos do Espírito e evangelização sem unidade chegam a ser um desserviço ao Reino de Deus. 

Quantas não são as exortações bíblicas para que os cristãos vivam em amor e santidade? Temos textos e mais textos dedicados ao modo como os cristãos devem viver e se comportar. Fazer discípulos não é ensinar teoria, mas, sim, ensinar a obediência (Mt 28.20)! Que as aspirações de Cristo para seus seguidores se cumpram em nós, e que pela oração e pela Palavra sejamos santificados a fim de vivermos em amor e união, de modo que o mundo possa convencer-se de que Jesus é realmente o Filho enviado de Deus. 

Em Cristo, 
Bispo Ildo Mello

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Neemias, o sábio!

Neemias estava vivendo confortavelmente como copeiro do grande rei persa Artaxerxes (1.11-2.1). Mas, ao ouvir que seu povo e cidade estavam em grande miséria e ruína, ele se entristeceu profundamente (1.4 e 2.2,3). O lamento de Neemias não é de um desesperado, conformista, fatalista, ou do murmurador, que já entregou os pontos e que agora está com espírito de autocomiseração engrossando o cordão das carpideiras. Neemias, movido por compaixão, chora e ora a Deus, buscando uma solução. Neemias se coloca como um instrumento nas mãos de Deus, como um agente transformador da realidade. Ele chora, ora e age!

Diante de tamanha crise, Neemias não fica buscando culpados,  que é uma atitude comum daqueles que se auto justificam. Nem tampouco fica olhando em volta a espera de que alguém faça alguma coisa, ou seja, ele não transfere para os outros a responsabilidade. Neemias assume o fardo, pois quer tornar-se parte da solução: “peço-te que me envies...” (2.5).

Neemias era um homem de oração. Ele ora nos momentos de crise (1.4), ora para confessar pecados (1.6), ora quando está sendo perseguido (4.4) e ora diante da tentação (6.9). Antes de falar com o rei, Neemias fala com Deus (1.10). Antes de reformar os muros de Jerusalém, ele buscava a reforma dos muros de seu próprio coração.  Neemias confessa pecados e clama pela misericórdia divina (1.4-10).  Orava e agia, fazendo aquilo que estava ao seu alcance. Neemias orava e vigiava (4.9)!

O rei reparou que Neemias estava triste, o que lhe despertou a atenção, pois nunca o havia visto entristecido anteriormente. Pois, Neemias era um homem alegre, disposto, cheio de fé e amor, que são frutos do Espírito Santo.  Era mesmo de se estranhar que estivesse triste!

Movido por compaixão, Neemias toma uma atitude,  respeitando as autoridades constituídas (2.5-9), ciente de que Deus, que o estava movendo,  também moveria o coração das autoridades (1.10). Com certeza, o fato de Neemias ter sido um funcionário íntegro e leal durante todo o período em que serviu no Palácio colaborou para que o Rei fosse simpático a cada uma das suas solicitações (2.8). Neemias nunca foi um homem rebelde. Certa feita, seus opositores tentaram acusa-lo de rebeldia (2.19), mas tal acusação se provou infundada, pois Neemias possuía uma carta de autorização assinada pelo próprio rei Artaxerxes (1.7-8).

A compaixão nos aproxima dos aflitos. Neemias deixa o palácio e viaja para onde está o problema. Primeiramente, ele busca avaliar a situação em loco a fim de ter uma noção clara da dura realidade (3.13). Neemias não era exibicionista e nem afoito. Ele não chegou abalando em Jerusalém. Esperou três dias antes de tomar qualquer atitude (2.11). Ele começou com discrição, pois, a princípio, não compartilhou com ninguém os seus planos (2.12). Faz uma inspeção noturna para não chamar muita atenção (2.13). Uma avaliação cuidadosa é necessário, pois devemos entender o problema antes de propor soluções.  

Diante da contemplação da calamidade, Neemias  não desanima, pois sua fé em Deus o torna otimista em relação ao futuro. Assim, ele, estrategicamente, busca recursos e promove uma mobilização, motivando a todos para, unidos, reconstruírem os muros da cidade (2.17-18). O recrutamento se faz necessário, pois ninguém constrói muralhas sozinho. A visão, a fé e o entusiasmo de Neemias são contagiantes! O povo responde ao chamado dizendo: “Sim, vamos começar a reconstrução”! E o povo cumpriu o que prometeu! (5.12).

Neemias enfrentou muita oposição. Sempre haverá opositores que se levantarão contra a obra de Deus. Neemias se deparou com opositores externos como Sambalá e Tobias que eram líderes de outros povos, mas também teve de lidar com opositores internos, traidores do próprio povo de Deus, como Semaías (6.13).

Neemias foi escarnecido por seus inimigos, que fizeram pouco caso dele, procurando ridiculariza-lo (4.1-3); ele teve de enfrentar ataques físicos (4.7-8); ataques morais, calúnias (6.5-9); traição de um amigo que também se revelou falso profeta (6.10-13) e teve de encarar inúmeras provocações (6.19).

Neemias, também, revela outras virtudes como a perseverança de quem sabe muito bem o que quer e onde quer chegar, pois ele não desanima diante das críticas dos pessimistas e invejosos de plantão (2.19-20; 6.3). Não subestimava o inimigo, estava sempre alerta, orando e vigiando (4.9, 16). Mas também não se intimidava diante das ameaças dos adversários. Ele dizia: “Não tenham medo deles. Lembrem-se de que o Senhor é que é Grande e temível” (4.14).  Neemias revelou muito discernimento espiritual para não ser enganado pelos falsos amigos e falsos profetas (6.12). Deste modo, Neemias nos ensina a levantar muros de proteção não apenas em volta da cidade, mas também em torno de si.

Neemias mostrou-se íntegro mesmo após assumir a posição de governador (6.14-18).  Neemias não foi para Jerusalém porque intencionava o posto de Governador, sua missão foi motivada por pura compaixão (1.3-4). No entanto, como ele foi fiel no pouco, sobre muito foi colocado, mas, mesmo assim, seguiu sendo leal a Deus e aos seus princípios éticos (Mt 25.23).

Neemias nos conclama a lutar em favor da família! “lutem por seus irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por suas mulheres e por suas casas” (4.14). Notar também o que está registrado em Neemias 3.28: “fizeram reparos cada um em frente de sua própria casa”.  Precisamos fechar as brechas da muralha para nos protegermos contra os ataques inimigos (4.7). Devemos também lutar contra todos os inimigos que pretendem destruir a família, lembrando que nossa luta não é contra carne e sangue, mas, sim, contra os exércitos espirituais que semeiam a corrupção e que atuam sobre os filhos da desobediência (Ef 6.12 e 2.1-2).

Neemias sabia liderar com sabedoria, firmeza, coragem, ânimo, determinação e planejamento.  Certamente, valeu-se de toda a sua experiência adquirida ao longo dos anos em que serviu ao rei. O capítulo 3 revela detalhes de toda a bela organização de tarefas. Cada um ficou incumbido de uma tarefa específica. Havia muita cooperação como se pode observar através das inúmeras expressões do tipo “ao lado de” ou “ao seu lado” ou “junto a estes”. Eles trabalhavam em equipe e estavam também organizados em turnos, de modo que quando uma equipe terminava o seu turno, logo era substituída por uma outra que dava sequencia ao trabalho (3.16, 17, 21, 24). Grandes coisas acontecem quando não nos importamos com quem é que vai levar a fama! Tem muita gente que age como quem diz: “eu não vou colocar azeitonas na empada de ninguém”.  Atitude mesquinha e deplorável que conspira contra a obra de Deus. Gente desta espécie que deseja sempre ser o centro das atenções e que busca sempre receber a fama e o destaque não tem parte no Reino de Deus. Ai destes, como disse Jesus, pois “fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas” (Mateus 23:5-6).

Os muros foram reconstruídos em apenas 52 dias (6.15)! Isto é que é trabalho em equipe debaixo da orientação e da bênção de Deus (6.17)!

A reconstrução dos muros trouxe dignidade, proteção e paz para a cidade de Jerusalém.  Mas o trabalho não parou por aí, pois o mais lindo foi que Neemias colaborou para o povo de Deus voltar-se a dar ouvidos as Escrituras Sagradas (Cap. 8). A Palavra de Deus produziu um grande avivamento espiritual! O povo fez um pacto (9.38) no sentido de priorizar as coisas de Deus: “Não negligenciaremos o templo de nosso Deus” (10.39). O povo se comprometeu com a construção das muralhas e agora está também comprometido com a edificação da Casa de Deus! O povo de Deus é povo do pacto, povo aliançado com Deus, povo comprometido com a Missão! Não podemos ser cristãos nominais, não podemos servir a Deus de qualquer maneira. Como Jesus, Neemias purificou o templo! Ele mostrou-se também muito zeloso quando a necessidade de santidade no ministério sacerdotal (13.26-30).

Quantas preciosas lições podemos aprender com este fiel servo de Deus que foi Neemias! 


Bispo José Ildo Swartele de Mello
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lembra Senhor - Uma Crítica a Canção


Nos velhos tempos da minha mocidade, havia um alegre "corinho" que dizia: "tropeça aqui, ôôô... cai acolá, mas de novo levanta e começa a cantar!" Quem é da velha guarda deve lembrar bem. Sabe, a gente cantava este cântico com muita naturalidade sem perceber suas implicações, até que um pastor nos chamou à atenção para a maligna sugestão embutida no verso, que nos induzia a tratar a questão do pecado de maneira leviana e inconsequente.

Sugestão semelhante aparece no refrão de uma canção atual que é muito popular entre os evangélicos do Brasil:

Lembra Senhor, juraste o teu amor
E nada pode mudar o que sentes por mim
Nem os meus pecados
Lembra Senhor e faz mais uma vez
Os teus sinais e saberão que ainda és o mesmo Deus
Banda Toque no Altar 

Segundo esta canção, Deus jurou amor incondicional de modo que nada pode mudar o que Deus sente pelos seus filhos, nem mesmo o pecado. Será que é assim mesmo? As promessas e o amor de Deus são incondicionais? Os pecados não afetam a relação entre Deus e os homens? Os pecados dos homens não afetam os sentimentos de Deus?

Se isto fosse verdade, teríamos base para concluir que toda a humanidade seria salva no final das contas, pois Jesus declarou o amor de Deus por todo mundo (Jo 3.16). Se for verdade que nem os pecados podem mudar o que Deus sente por seus amados, então a humanidade pode ficar sossegada em seus pecados, descansando no amor incondicional de Deus. Se o amor de Deus é incondicional, então não há lugar para o castigo eterno.

Procurarei demonstrar pelas Escrituras Sagradas que o pecado é coisa séria, que afasta os homens de Deus; E que existe, sim, o risco dos salvos desviarem-se do caminho da salvação, pois as Alianças do Antigo e do Novo Testamento são condicionais, bem como as promessas e o amor de Deus.


Há inúmeras exortações bíblicas sobre o perigo da apostasia, o risco de cair, sobre a necessidade de perseverança e santidade.  


Isaías profetizou:

  • “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá” (Is 59:2).


Paulo mesmo fala sobre o risco dos fiéis desviarem-se da fé:

  • “Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará” (2 Tm 2:12);
  • “Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas (1 Tm 1:6);
  • “Porque já algumas se desviaram, indo após Satanás  (1 Timóteo 5:15);
  • “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores (1 Tm 6:10);
  • “Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna. Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e ás oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé...” (1 Tm 6:19-21);
  • “Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor. Se ignorar isso, ele mesmo será ignorado” (1 Co 14:37-38);
  • “Os quais se desviaram da verdade...” (2 Tm 2:18).
  • Quando Paulo, em Romanos 8.35-39, diz que nada pode separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, certamente não está se referindo ao pecado, pois jamais seria capaz de contradizer as Escrituras Sagradas que claramente ensinam que o pecado faz separação entre Deus e os homens.  O que Paulo quer dizer é que nenhum ser por mais poderoso que pareça ser e nenhuma tribulação por mais dura que seja tem poder em si para nos afastar do amor de  Deus.  Isto não significa o mesmo que dizer que o crente não corre o risco de afastar-se deliberadamente do amor de Deus por apego ao pecado.  


O Apóstolo Paulo fala dos cuidados que ele mesmo tinha que tomar para não vir a ser reprovado:

  • “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Cor 9:27).


Paulo menciona a apostasia de Demas:

  • “Porque Demas me desamparou, amando o presente século... (2 Tm 4:10), que até então havia sido um fiel cooperador (Filemon 1.24 e Co 4.14).


Paulo exorta a perseverança:

  • “E, despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos religiosos seguiram Paulo e Barnabé; os quais, falando-lhes, os exortavam a que permanecessem na graça de Deus” (At 13:43);
  • “... e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração” (At 11:23);
  • “Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
  • “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo... para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:11-13);
  • “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tt 1:16)
  • "Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados" (2Co 13.5).


Paulo chama a atenção dos crentes para que eles não incorram nos erros daqueles que caíram em pecado e perderam a salvação. Tudo o que está escrito na Bíblia serve para nosso ensino e advertência.

  • “Porque não quero, irmãos, que vocês ignorem o fato de que todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar.
  • Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. Contudo, Deus não se agradou da maioria deles; por isso os seus corpos ficaram espalhados no deserto. Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram. Não sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: "O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra". Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram vinte e três mil. Não devemos pôr o Senhor à prova, como alguns deles fizeram — e foram mortos por serpentes. E não se queixem, como alguns deles se queixaram — e foram mortos pelo anjo destruidor. Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1 Co 10:1-12).
  • "Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos" (Gl 6.7-9).


Pedro também fala sobre o perigo da apostasia:

  • “Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça” (2 Pe 2:15).
  • “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviaram-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao lamaçal” (2 Pe 2:20-22).
  • "Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém." (2 Pe 3.17 e 18)


O autor de Hebreus também adverte para o risco de se perder a salvação e da necessidade da perseverança para se alcançar a promessa:  

  • “Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...” (Hb 2:1-3).
  • “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo. E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança” (Hb 6:4-11).
  • “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus;” (Hb 12:25).
  • “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa” (Hb 10:36).



João escreveu seu livro para levar certeza para os salvos, afirmando que existem frutos como evidência para a salvação:

  • "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos aos irmãos. Quem não ama permanece na morte" (1Jo 3.14)


Tiago diz que cristãos infrutíferos não podem estar seguros de sua salvação

  • "fé sem obras é morta" (Tg 2.26; cp. Jo 15.2)


João Batista advertia para o perigo de uma vida destituída dos frutos dignos de arrependimento, afirmando que a promessa de Deus é condicional ao genuíno arrependimento:

  • “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo” (Mt 3:8-10).


Jesus é enfático sobre a necessidade de perseverança e frutos:

  • “Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24.13).
  • “Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo” (Mt 7:19);
  • “Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto” (Jo 15:2).
  • “E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações” (Ap 2:26).
  • “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus” (Ap 2:7);
  • “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2:17);
  • “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3:21);
  • “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” (Ap 3:5);
  • “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (Ap 3:12).
  • “Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca” (Ap 2:16);
  • “Lembre-se, portanto, do que você recebeu e ouviu; obedeça e arrependa-se. Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra você” (Ap 3:3);
  • “Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar” (Ap 2:5).


Esta é a mesma lição que Jesus dá nas parábolas do Talentos (Mt 25.14-30), dos Lavradores Maus (M 21.17-44), Servo Infiel (Mt 24.45-51; Lc 12.35-48), Dez Virgens (Mt 25.1-13), Julgamento das Nações (Mt 25.31-46), Parábola da Figueira infrutífera (Lc 13.6-9). O ensino é claro, quem não multiplica o talento, os lavradores maus, os servos infiéis, as virgens imprudentes, os mau feitores, a figueira infrutífera, o que não está dignamente trajado (Mt 22), o que é morno em sua conduta e devoção cristã (Ap 2.15-16), todos estão sujeitos à condenação no juízo final. O ramo, mesmo estando ligado a Videira Verdadeira, se não der fruto, está pronto para ser cortado e lançado fora (Jo 15.2), assim também o sal que se tornar insípido e imprestável é jogado fora (Mt 5.13), e aquele que é morno em sua conduta cristã está prestes a ser vomitado por Deus (Ap 2.15-16).

As Alianças do Antigo e do Novo Testamento  não foram estabelecidas de modo incondicional. Promessas são feitas de modo condicional.  Estão repletas da condicional “se”:

  • “Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações” (Ex 19:5);
  • “Mas terão maldição, se desobedecerem aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, e se afastarem do caminho que hoje lhes ordeno, para seguir deuses desconhecidos” (Dt 11.28);
  • “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra” (2 Cr 7:14);
  • “Se o homem não se arrepende, Deus afia a sua espada, arma o seu arco e o aponta” (Sl 7:12);
  • “E se ele fizer o que eu reprovo e não me obedecer, então me arrependerei do bem que eu pretendia fazer em favor dele” (Jr 18:10);
  • “Agora, corrijam a sua conduta e as suas ações e obedeçam ao Senhor, ao seu Deus. Então o Senhor se arrependerá da desgraça que pronunciou contra vocês (Jr 26:13);
  • "Ouça, meu povo, as minhas advertências; se tão-somente você me escutasse, ó Israel! Não tenha deus estrangeiro no seu meio; não se incline perante nenhum deus estranho. Eu sou o Senhor, o seu Deus, que o tirei da terra do Egito. Abra a sua boca, e eu o alimentarei. "Mas o meu povo não quis ouvir-me; Israel não quis obedecer-me. Por isso os entreguei ao seu coração obstinado, para seguirem os seus próprios planos. "Se o meu povo apenas me ouvisse, se Israel seguisse os meus caminhos, com rapidez eu subjugaria os seus inimigos e voltaria a minha mão contra os seus adversários! Os que odeiam o Senhor se renderiam diante dele, e receberiam um castigo perpétuo. Mas eu sustentaria Israel com o melhor trigo, e com o mel da rocha eu o satisfaria" (Sl 81:8-16).
  • "Se alguém quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt 16.24-26).
  • “Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar” (Ap 2:5).
  • “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).


Fé e obediência são inseparáveis. Paulo escreveu a Tito a respeito daqueles que professam conhecer a Deus, mas que por sua desobediência provam sua falta de fé (Tt 1.16). Para ser salvo a pessoa precisa confessar o senhorio de Cristo (Mt 7.21-23; Lc 6.46-49, Rm 10.9, 13, 1 Co 12.3). É necessário renunciar ao ego, como exortou Jesus "Se alguém quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt 16.24-26). Jesus não pode ser Salvador sem Ser Senhor. É necessário tê-lo como Senhor e não apenas Salvador, arrependimento e não apenas fé, ser discípulo e não apenas crente, segui-Lo e não apenas encontrá-Lo, obedecê-lo e não apenas amá-lo da boca pra fora, tornar-se uma bênção, e não apenas receber as bênçãos, dar e não apenas receber, amar e não apenas ser amado, perdoar e não apenas ser perdoado, esforçar-se e não apenas esperar em Deus, multiplicar o talento e não apenas preservá-lo, buscar o Reino e não apenas aguardar, permanecer e não apenas iniciar o caminho, vencer e não apenas apenas contemplar a vitória de Cristo e dos heróis da fé, tudo isto com a capacitação do Espírito gracioso de Cristo.

A graça e a misericórdia divinas também não são incondicionais

Pela graça e misericórdia de Deus, nós recebemos o perdão dos pecados: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9). Mas o que busca o perdão, deve também estar disposto a perdoar. Uma vez, um irmão na fé, me fez uma pergunta estranha. Ele queria saber se eu orava toda a oração do "Pai Nosso". Eu disse que sim.  Então, meu amigo finalmente abriu o jogo, quando perguntou: "Mas mesmo aquele trecho que diz:  'assim como nós perdoamos aos nossos devedores'"? Assim como este meu amigo, tem muito cristão com sérias dificuldades diante deste trecho da oração. Mas é óbvio que deixar de orar este trecho não muda o fato de que o Senhor espera que o perdão recebido se transforme em perdão repartido, senão... Lembremos do ensino da  parábola do credor incompassivo que tendo recebido perdão de sua imensa dívida, na sequência, não perdoou aquele lhe devia bem menos, e, no final das contas, acabou sendo questionado por este ato incongruente, vindo a ter o seu perdão cancelado, pois foi tratado do mesmo modo incompassivo com que tratou ao que lhe devia (Mt 18.23-35). Como bem ensinou Jesus no Sermão do Monte: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia" (Mt 5.7) e "...perdoai e sereis perdoados... porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também" (Lc 6.37,38). "Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo"(Tg 2.13).  



Chegará o dia em que prestaremos conta de todos os talentos e graças recebidos (Mt 25). “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito...” (2 Co 5.10). Devemos ser frutíferos, senão seremos cortados da Videira Verdadeira (Jo 15.2). Como também disse Pedro: “Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados. Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês, pois se agirem dessa forma, jamais tropeçarão, e assim vocês estarão ricamente providos quando entrarem no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 2.8-11).



Precisamos tomar cuidado para confirmar o nosso chamado e eleição, precisamos cuidar para não tropeçar, pois é desta maneira que nos será amplamente suprida a entrada no reino eterno. Por esta razão é que Pedro também adverte nesta mesma carta: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviaram-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao lamaçal” (2 Pe 2:20-22).



O autor de Hebreus também adverte para o risco de se perder a salvação e da necessidade da perseverança para se alcançar a promessa (Hb 6.4-8, 12; 10.26-38). O autor de Hebreus apresenta uma boa ilustração sobre o relacionamento da graça de Deus e as boas ações humanas, demonstrando que aqueles que recebem a graça devem produzir os respectivos e esperados frutos: "Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus, mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada" (Hb 6.7-8).



As promessas de Deus a Israel eram incondicionais?

No A.T. existem dois tipos de promessas feitas a Israel: 1) Promessas naturais (que foram ou cumpridas ou canceladas devido a desobediência); e, 2) Promessas espirituais (que têm seu cumprimento na Igreja, o Israel de Deus, composta de judeus e gentios crentes em Cristo). As promessas feitas a Israel são condicionais (Mt 3.7-12; Jo 8.31-47).

Os genuínos descendentes de Abraão são os que fazem as obras de Abraão. (Jo 8.37; comparar Gn 15.6 com Jo 8.39, 40, 42,47) Filhos naturais de Abraão são chamados de filhos de Satã.

Podemos encontrar passagens paralelas para quase todos os textos usados pelos como contendo promessas incondicionais (Ex. Comparar II Sm 7 com 1 Rs 9.4-9) e mesmo quando as condições não estão explícitas, elas estão implícitas (Js 8.34). Sabemos que a profecia de Jonas era condicional, mesmo que tenha sido apresentada de forma incondicional: “Em 40 dias Nínive será destruída”. (Ver também Dt 28.1-15).

A fé de Abraão era uma condição implícita no que diz respeito a promessa (Gn 15.6). A circuncisão também era uma condição (Gn 17.14). Obediência é condição (Gn 22.1-12; 26.5 comparar com Hb 11.8).



PROMESSAS      CONDIÇÕES

Gn 12.2                  Gn 12.1

Gn 15.5                  Gn 15.6

Gn 17.4                  Gn 17.9

Gn 14.2-8               Gn 17.9

Gn 17.10,11           Gn 17.14; Ex 13.4,5

Dt 28.1-14              Dt 28.15

Dt 30.15,16            Dt 30.17-19; Js 8.34; 24.20

2 Sm 7                   1 Rs 2.3,4; 9.4-9; 11.11; 21.8; 1 Cr 28.7

2 Cr 7.16-18          2 Cr 7.19-23


As promessas feitas a Israel no A.T. eram condicionais e Israel não observou tais condições, o que gerou a necessidade de Deus estabelecer uma Nova Aliança (Jr 31.31,32; Hb 8.6,7,13). A “Nova Aliança” com a “Casa de Israel” (Jr 31.31-34) teve seu cumprimento em Cristo na Igreja (Hb 10.15-20), que inclui o remanescente de Israel e os gentios que são filhos de Abraão pela fé (Ef 2.14 e Gl 3.6-9).



O amor de Deus não é incondicional

Deus ama os pecadores, mas este amor é condicional O pecado afasta o homem de Deus e provoca a ira de Deus, seu justo juízo que pode levar a condenação eterna. Os que primeiramente eram objetos do amor de Deus, podem vir a se tornar objetos de sua ira. Portanto, a ideia de que o amor de Deus é incondicional não encontra respaldo bíblico e desemboca em universalismo, que é a ideia de que Deus salvará a todos. pois amor incondicional não combina com Juízo Final e castigo eterno.

Basta refletir sobre o significado da palavra: "incondicional", ou seja, que não impõe condições, para concluirmos que ela é inadequada, pois sabemos muito bem que Deus impõe condições para o seu relacionamento amoroso com os homens. Deus exige ser amado sobre todas as coisas (Mc 12.30). Deus estabelece também algumas condições para a salvação, como arrependimento e fé (Mc 1.15). Deus é paciente, disciplina a todo filho a quem ama, mas se o filho persistir em seu erro, acabará acumulando ira para o dia da ira (Rm 2.15; Mt 23.31-32). Ou seja, até a paciência de Deus tem limite. Dura coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10.31). Em seu amor, Deus concede oportunidade para o arrependimento, mas as oportunidades não são infinitas. Jesus espera que as pessoas aproveitem o tempo sobremodo oportuno de arrependimento, pois, senão... “E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu...Então, darei a cada um de vós segundo as vossas obras” (Ap 2:21-23). Atente para o que está escrito em Josué 24.20: “Se deixardes o Senhor e servirdes a deuses estranhos, então, se voltará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito bem”.

No mais belo texto das Escrituras Sagradas, Jesus declara o amor de Deus por toda a humanidade, mas estabelece a fé como uma condição para o usufruto deste amor: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16). Deus ama e espera ser amado e espera ser obedecido. “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (I Jo 4.19). “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:15).

Deus ama os pecadores (Rm 5.8), mas exige arrependimento e fé (Mc 1.15) e também exige ser retribuído em amor (Mc 12.33). Seu mandamento é que o amemos sobre todas as coisas e que sejamos santos como ele é santo (Dt 11.13 e Lv 20.7 e 1 Pe 1.16). Por esta mesma razão é que Paulo veementemente afirma: "Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus (1 Co 6:9-10) e, igualmente, fala aos Gálatas: "Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus" (Gl 5:19-22).

O Apóstolo João diz que "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor" (1 Jo 4:8) e "Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte" (1 Jo 3:14). “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” 1Jo 2.4-6

Sei que é difícil imaginar Deus deixando de amar, ou pelo menos, deixando de demonstrar amor, mas é ainda mais complicado imaginar que ele segue amando ou demonstrando amor de maneira incondicional aqueles que serão condenados ao castigo eterno. Enquanto amor e castigo pedagógico combinam, o mesmo não pode ser dito de amor e castigo eterno. Deus precisa estar bem aborrecido para condenar alguém ao inferno, dizendo: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41). E Jesus precisa estar muito enojado de alguém para vomitá-lo como diz que estava prestes a fazer com alguns da Igreja de Laodiceia (Ap 3.16). Podemos concluir que a paciencia, a misericordia e o amor de Deus possuem limites. Tais limites tem a ver com a sua justiça.

Além disto, vemos na Bíblia que o amor de Deus é bastante exigente. Deus deseja ser correspondido em seu amor. 
"Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim" (Mt 10:37). Deus ama os pecadores, mas este amor tem suas expectativas, de modo que o ser amado corre o risco de não desfrutar das benesses do amor de Deus caso não corresponda positivamente ao amor recebido. 

Assim como o perdão recebido é cancelado quando não se converte em perdão repartido, assim também acontece com o amor que recebemos de Deus.

Se o amor de Deus fosse realmente incondicional, então, não haveria necessidade de nenhuma advertencia, porque não haveria nenhum risco de condenação, pois não haveria como separar Deus de seus amados. Se o amor de Deus fosse realmente incondicional, então Deus continuaria infindamente amando Satanás. Creio que não é este o caso.

A Bíblia fala muito sobre a ira de Deus, que é um reflexo de seu caráter justo. Precisamos coadunar bem o amor e a justiça para não desenvolvermos uma ideia adocicada e distorcida de Deus que acabe desembocando no universalismo que assevera a salvação final de todos.

Portanto, é errado afirmar que os pecados não afetam o relacionamento do crente com Deus. Está bem equivocado aquele que pensa que o amor, a graça, as Alianças e as promessas de Deus são incondicionais. Não se deixe enganar!


Concluo lembrando as seguintes palavras de nosso Senhor Jesus Cristo:

  • “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele" (Jo 14:21)





    Em amor,

    Bispo Ildo Mello
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    Lembra Senhor - Uma Crítica a Canção

    Crente Gabriela

    CRENTE GABRIELA

    A nova criatura não pode permanecer a mesma! Não pode ser crente Gabriela!


    Já ouviram falar do crente “Gabriela”? Aquele que canta: “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim: Gabriela, sempre Gabriela!” Este tipo é muito comum e perigoso, pois engana a si mesmo e dá mau testemunho da fé, por estar conformado com este mundo (Rm 12.1-2). A autêntica experiência de salvação é transformadora. Ou impacta a orientação total da vida ou não é autêntica.

    Deus não apenas justifica, mas Ele nos cria novamente, nos transforma, buscando restaurar o nosso papel como imagem Sua. A Salvação não é apenas a reconciliação com Deus, mas a restauração segundo a imagem de Deus. O objetivo de Deus não é meramente nos revestir de uma justiça que permanece exterior a nós mesmos, mas conceder e implantar a justiça de Cristo em nós de tal modo que ela cresça e se expanda. Nossa Grande Salvação envolve o processo transformador que visa tanto a superação do pecado como uma vida cheia de amor. A justificação e a regeneração são aspectos dessa nossa grande salvação em Cristo. A justificação diz respeito a obra de Jesus por nós, cancelando a nossa dívida e nos concedendo o perdão e a reconciliação, enquanto a regeneração diz respeito a obra de Cristo em nós. Na primeira, a Sua justiça nos é imputada e no novo nascimento, a justiça de Deus nos é comunicada, ou seja, nos tornamos participantes da natureza divina (2 Pe 1.4).

    O amor de Deus foi derramado nos nossos corações (Rm 5). O apóstolo João ensina o mesmo na sua primeira epístola afirmando que aquele que conhece a Deus passa a amar em decorrência deste amor recebido, passando este amor a ser o sinal do verdadeiro cristão. O mesmo se pode desprender da Oração que Jesus nos ensinou, onde se diz que devemos perdoar como fomos perdoados. Note que não podemos meramente receber este perdão, mas devemos participar dele: o perdão de Deus deve frutificar em nós e através de nós. Ou seja, após a experiência com o perdão e o amor de Deus, nós não podemos continuar os mesmos. O que o Apóstolo João nos ensina é que aquele que está em Cristo torna-se participante da natureza divina a ponto de expressar o amor de Deus. É claro que precisamos entender isto em termos dos limites estabelecidos pela finitude humana. O homem não se torna um deus. O Cristão continua humano, mas, como nova criatura, deve passar a revelar as virtudes da nova criação: os frutos do Espírito, como são conhecidas. Ele é templo do Espírito Santo e, sem que haja perda da personalidade individual, o fato é que Cristo passa a viver e a se expressar através de sua vida.

    A salvação não é uma bênção que se encontre apenas do outro lado da morte. As Escrituras colocam no presente: “Sois salvos” (Ef 2.8) Não é uma coisa remota, é algo presente, que tem início neste mundo. Trata-se de toda obra de Deus, desde o primeiro toque da graça até a consumação na glória. Trata-se também do poder criativo e transformador de Deus na vida neste mundo. Uma transformação no aqui-e-agora (Hb 6.1)

    A justiça do cristão não é de sua própria feitura, não é inerente, mas produto do Espírito de Cristo. Por isto é que falamos da graça transformadora. Mas isto não quer dizer que o papel do homem seja de passividade. Não, pois o que aconteceu é que o cristão possui agora uma nova natureza, ou seja, ele tem capacidade e armas espirituais que devem ser desenvolvidas para o exercício de sua missão. A nova criatura é desafiada a crescer nesta graça e a desenvolver a sua própria salvação, despojando-se do velho homem, revestindo-se do novo, enchendo-se do Espírito, não dando lugar ao diabo, buscando as coisas do alto, acumulando tesouros no céu, deixando a mentira, falando a verdade, se desembaraçando do pecado, preparando-se como um atleta para a olimpíada da vida que é vivida pela fé. Todos estes são exemplos de desafios bíblicos para o cristão, que dizem respeito a sua participação neste processo de santificação, do qual o novo nascimento é ponto de partida. O cristão deve, portanto, agir, alimentar-se e desenvolver-se na fé, no amor e na prática das boas obras com o auxílio do Espírito Santo visando chegar à maturidade. O alvo é que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13). Tudo isto visando a glória de Deus e o nosso testemunho do Evangelho para o cumprimento da nossa missão e vocação.

    Tal perfeição, que podemos denominar como cristã para diferi-la da perfeição divina, é possível pela graça de Deus dentro dos limites da finitude humana. Esta perfeição tem sua base na perfeição daquilo que recebemos. O amor de Deus é perfeito. Não há amor mais supremo, mais completo, mais santo e mais doador do que aquele que recebemos do divino Doador. Este amor é pura graça, e Deus o partilha com aqueles que são chamados a serem a sua imagem. Nós recebemos e participamos deste amor perfeito. Wesley entendia a perfeição em termos do amor, e o amor não pode ser encontrado sem transformar a pessoa que o recebe.

    A perfeição cristã não é nada mais nada menos que “amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos”. Amar a Deus envolve “entregar a ele todo o nosso coração... devotar não uma parte, mas toda a nossa alma, corpo e substância a Deus”. Amar ao próximo envolve ter aquela “mente que houve em Cristo, capacitando-nos a andar como Cristo andou”, partilhando seu espírito na autodoação e no serviço aos outros.

    A humanidade feita à imagem de Deus, como criatura chamada a recebê-lo, a interagir com ele e a refleti-lo no mundo, agora pode viver esse chamado por meio da nova relação com Deus, possibilitada por Jesus Cristo e capacitada e levada adiante pelo Espírito transformador. Portanto, a nova criatura em Cristo é chamada a manifestar ao mundo aquele amor perfeito e assim proclamar e mediar o amor divino e seu poder criador.

    “A maior força da doutrina wesleyana da perfeição talvez esteja em sua habilidade de mobilizar os crentes a buscarem um futuro mais perfeito que supere o presente... Ela não está cega as às forças negativas, no entanto não as considera consequências inevitáveis do pecado original, mas exatamente aquilo que pode ser vencido.”

    Por Bispo José Ildo Swartele de Mello - baseada no livro de Theodore Runyon – “A Nova criação – A teologia de João Wesley hoje” – Editeo.

    sábado, 22 de outubro de 2011

    Batizados com água e com fogo!

    A água e o fogo são descritos na Bíblia como elementos purificadores: “Toda a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia se purificará com a água da purificação; mas tudo que não pode resistir ao fogo, fareis passar pela água” (Nm 31.23). “Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata" (Ml 3.1.3)

    Interessante notar que, visando a nossa santificação, o batismo de Cristo não contem apenas o elemento da água, mas também o do fogo! “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo” (Mt 3.11).

    Para ser salvo é necessário nascer de novo, o que significa nascer tanto da água como também do Espírito: "Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" (Jo 3.5).

    O Espírito age como água e fogo em favor da nossa purificação. Paulo o descreve como abundante água purificadora: "... Nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador" (Tt 3.5-6). Já, no Livro de Apocalipse, o Espírito Santo é descrito como sete lâmpadas de fogo (Ap 4.5). A língua do profeta Isaías foi santificada com fogo do altar (Is 6.7) e, no dia de Pentecostes, o derramar do Espírito foi acompanhado com línguas de fogo (At 2.3)!

    Observa-se também que Jesus lavou os pés dos discípulos durante a cerimônia da Ceia do Senhor (Jo 13). Jesus disse que o que não fosse lavado não teria parte com ele, ensinando que a purificação é uma condição necessária para comunhão com Deus. Pedro, chegou a pedir um banho da cabeça aos pés, tal era o seu desejo de ter comunhão com Cristo. Mas Jesus lembra a Pedro que ele já havia sido batizado, de modo que não se fazia necessário um rebatismo, mas, sim, um trabalho de manutenção. Eis aí uma interessante ligação entre o Batismo e a Ceia do Senhor, ambos contendo o elemento purificador da água em favor de nossa santificação! A graça santificadora da salvação segue operante em favor do crente em sua missão peregrina nesta Terra, de modo que se vier a pecar, há sempre uma provisão para o seu perdão e purificação (1 Jo 1.9-2.1).

    Os rituais levíticos mostram muito zelo pela purificação de tudo o que era consagrado ao Senhor (Lv 8.10, 11). Os elementos do fogo e da água estão presentes no ritual de consagração do tabernáculo. Tudo deve estar em ordem: "e porás em ordem o que se deve pôr em ordem nela" (Ex 40.4); O fogo está presente: "também colocarás nele o candelabro, e acenderás as suas lâmpadas"; e a água não podia ficar de fora: "E porás a pia entre a tenda da congregação e o altar, e nela porás água" (Ex 40.7) e "farás também chegar a Arão e a seus filhos à porta da tenda da congregação; e os lavarás com água" (Ex 40.12). Outro símbolo do Espírito Santo, o azeite, também é visto aqui como elemento santificador: "Então tomarás o azeite da unção, e ungirás o tabernáculo, e tudo o que há nele; e o santificarás com todos os seus pertences, e será santo. Ungirás também o altar do holocausto, e todos os seus utensílios; e santificarás o altar; e o altar será santíssimo" (Ex 40.8, 10).

    Deus é santo e tudo o que pertence ao Senhor deve também ser santificado: "Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o SENHOR vosso Deus" (Lv 20:7). "Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver" (1 Pe 1:15). "O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade" (2 Tm 2:19).

    Batizados em Cristo, nascemos de novo pela água e pelo Espírito (Jo 3.5). Fomos purificados (Tt 3.5), renovados à imagem de Deus (Rm 8.29), fomos feitos filhos de Deus (Jo 1.12), nos tornamos em "geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, para anunciar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2:9). "...Refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3:18).

    O batismo cristão é algo poderoso, é batismo com o Espírito Santo e com fogo, representando não apenas uma obra de Deus a favor de nós, mas também uma poderosa obra do Espírito dentro de nós (Ez 36.26), nos purificando e nos habilitando para a comunhão com o santíssimo Deus (1 Co 1.9), e para um novo viver (Rm 6.4), de modo a sermos capazes de darmos um fiel testemunho dele (At 1.8), agindo como bom perfume de Cristo (2 Co 2.15), como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16)!

    Bispo José Ildo Swartele de Mello

    Mensagem de Santidade na História da Igreja Holiness


    Mensagem de Santidade na História da Igreja Holiness

    Estudo do Pr. Eduardo Goya para a Fraternidade Wesleyana de Santidade em 24 de Março de 2011

    Graça irresistível ou preveniente?

    Li um interessante texto do Dr. Adrian Rogers a respeito do embate histórico entre arminianos e calvinistas. Ele começa afirmando que um cego precisa mais do que de luz para ser capaz de enxergar. E, que, quando jovem, costumava pensar que o seu papel como pregador era apenas o de ensinar o caminho da salvação para as pessoas. Mas logo percebeu que para uma pessoa cega a quantidade de luz é indiferente. Portanto, assim como é preciso mais do que luz para que um cego possa ver, assim também é necessário mais do que a pregação para que as pessoas possam ser salvas, pois somente o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Por esta razão a igreja deve orar sem cessar em favor da conversão de almas, sabedora da dependência que temos da unção do Senhor para abrir os olhos dos cegos para a realidade do Evangelho de Cristo.

    Ele arremata dizendo que o homem caído é cego espiritualmente e, portanto, carece de visão. Como ouvimos que não há quem busque a Deus, aprendemos das Escrituras que Deus toma a iniciativa de procurar o homem, que é exatamente os Evangelhos mostram Jesus fazendo quando o descreve buscando (Lucas 19:10),chamando (João12:32) e batendo a porta do coração do perdido (Apocalipse 3:20). Sendo assim, é o Espírito Santo quem convence o homem (João 16:8), dando pontadas no coração (At 26:14), compulgindo o coração (Atos 2:37), e promovendo a abertura do coração para que este possa ser capaz de responder positivamente ao Evangelho (Atos 16:14).

    Esta é a iluminação da Graça Preveniente, que não deve ser confundida com a regeneração. Porque a Iluminação lida com o velho coração, enquanto a regeneração tem a ver com o novo coração. Em João 1:9 lemos que Jesus é verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem. Paulo afirma que o Evangelho é a Luz através da qual o Espírito Santo abre os olhos dos homens (Romanos 10:17). Um homem é iluminado a fim de receber o Evangelho. Um homem é regenerado depois de ter sido selado em Cristo (Efésios 1:13). A regeneração se dá através do lavar renovador do Espírito Santo (Tito 3:5), momento em que nos tornamos "novas criaturas" em Cristo (2 Coríntios 5:17), nascidas de novo, com um "coração novo" e um "espírito novo" (Ezequiel 36:26). O calvinismo, ao contrário, ignora o claro ensino de Efésios 1:13, para ensinar erroneamente que os homens são previamente escolhidos por Deus para a salvação, de modo que o chamado e a graça sejam irresistíveis para o grupo dos predestinados. Assim, fica manifesta a clara diferença entre a graça preveniente do arminianismo e graça irresistível do calvinismo.

    Questões:
    1. O calvinismo ensina que antes de crer e ser salvo é preciso ser previamente escolhido e estar preliminarmente posicionado em Cristo. Seria, então, possível estar em Cristo antes de ser salvo? Bem, para o arminiano, a ordem dos eventos está claramente apresentada em Ef 1:13, que ensina que primeiro é preciso ouvir o Evangelho, que é uma condição para se poder crer, que, por sua vez, é uma condição para receber o selo regenerador do Espírito. A fé vem através de ouvir a Palavra do Evangelho (Rm 10:17). Assim, o arminiano quer saber como o calvinista pode ensinar ser possível alguém estar em Cristo antes mesmo de crer e ser selado pelo Espírito?
    2. Romanos 8.1 diz que não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus e sabemos também que os que não crêem estão debaixo da condenação (Jo 3.18). Sendo assim, seria contraditório afirmar que um incrédulo estaria em Cristo antes mesmo de sua conversão.
    3. Se a graça fosse irresistível, como Saulo de Tarso teria sido capaz de recalcitrar contra os aguilhões? (Veja Atos 26:14). E se a graça fosse irresistível, como poderia ser possível a queda e a perdição de que cristãos verdadeiros que tiveram os seus olhos iluminados para verem e experimentarem o dom celestial de modo a terem se tornado participantes do Espírito Santo, e de terem também provado a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro (Hb 6.4-6)?
    4. Santidade e perseverança são necessárias para evitar a remoção do candelabro (Ap 2.5), para garantir o acesso ao fruto da árvore da vida (Ap 2.7), receber a coroa (Ap 2.10), escapar da segunda morte (Ap 2.11) do juízo da espada (Ap 2.16), do risco de ser vomitado (Ap 3.16) e de ter seu nome riscado (Ap 3.5). E o que dizer também de textos como Hb 6.4-8; 10.26-31; 12.14-15; 1 Co 9:27; 2 Pe 1; 3.17-18 e Jo 15.6?
    5. "Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém" (2 Pe 3.17 e 18).

    No amor do Senhor,
    Bispo José Ildo Swartele de Mello